quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Encontros de graça...

"ME ENCONTREI COM ESSE GRUPO A CERCA DE UM MÊS, E TENHO SIDO BASTANTE EDIFICADO. PASSEI DOIS ANOS LONGE DE DEUS E ME SENTI MUITO ENCORAJADO A RECONCILIAR-ME COM DEUS. HOJE 26/08/10 TOMEI A DECISÃO DE ABANDONAR A VIDA QUE ESTOU VIVENDO, E FINALMENTE VIVER A VIDA QUE JESUS TEM PRA MIM. VIVER E SONHAR OS PLANOS E SONHOS DE DEUS. ;)" (Depoimento escrito no nosso útlimo encontro por uma das pessoas do grupo) Cremos que o evangelho é simples, que seguir Jesus é o projeto mais facinate de vida, que o amor deve ser nossa identidade e que a graça nos transforma! "...Perante a Graça, o justo Jó e o publicano João são iguais, pois de igual modo carecem da Graça manifesta no escândalo da Cruz, e nenhuma justiça terrena pode acumular créditos no céu. Graça não é direito concebido, não faz parte da causa e efeito. É favor imerecido e coloca a todos em um só lugar seja eu ou o goleiro Bruno, você ou a prostituta acusada pelos homens e perdoada por Deus." (Thiago Tomas) Você quer participar dos nossos encontros? entre em contato conosco (voznarua@gmail.com)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A complicada simplicidade.

Faz tempo que não escrevo, então esse texto vai sair meio arranhado, enferrujado. Estive a pensar sobre os grandes questionamentos humanos (ser ou não ser?), sobre as grandes catástrofes (torres gêmeas ou haiti?), sobre os fatos que marcaram o século (morte de michael jackson?). Concorda comigo? Pois eu, discordo de mim. Será que o questionamento maior da existência humana deveria ser: quem é Deus? Será que a maior catástrofe seria: não perceber a pessoa que está perto de mim? Será que o fato que marcou o nosso século foi: a perda da humanidade, da sensibilidade, do amor? Acho que concordo comigo dessa vez e respondo afirmativamente essas três últimas perguntas. Vivemos em um mundo cansado de filosofias que filosofam sozinhas, onde o pensar não produz ação e o discordar não produz crescimento. Vivemos isolados em meio a uma multidão (apesar de John Donne dizer que "Nenhum homem é uma ilha"). Não respeitamos o silêncio e ignoramos a dor, principalmente se é a dor do outro. E é ao me deparar com essa realidade que lembro de um mandamento simples: "Amarás ao Senhor teu Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo". Eis a solução! A partir do amor a dor do outro me incomoda, porque passa a doer em mim. A indiferença desaparece, porque ninguém gosta de ser desprezado. Aprendemos a ouvir porque a fala do outro é importante. E renunciamos a nós mesmos pelo simples fato de termos aprendido a amar. Simples assim? Nós é que teimamos em complicar a simplicidade. Prossigamos em desbravar a simplicidade. Natália

Terapia da Dor

Bendita terapia da dor. O que seriamos sem ela? Doloroso é perceber que as lentes de muitos andam embaçadas e não percebem os benefícios que recebemos através dessa terapia. A dor é graça sentida como desgraça, bênção recebida como maldição, providência do amor de Deus e vista como castigo. Hoje escrevo do que venho aprendendo, do que Ele vem sussurrando aos meus ouvidos enquanto meus olhos marejados olham para os montes na busca por socorro. Tal como um ferreiro que usa do fogo, das marteladas e da água fria para fabricar uma espada, Deus usa da dor, das provações, das perdas e cada golpe de amor é para dar à exata forma desejada em seus instrumentos (Nós)! Lembrei de Jó, homem que sofreu as maiores dores possíveis. A dor de perder seus bens (segurança), sua provisão (status), sua família (apoio), sua integridade (orgulho), sua saúde (capacidade). Deus não só queria provar a fidelidade de Jó e vencer a satanás, mais também chamou Jó para uma vida de intimidade e experiências. A dor provocada por Deus é extremamente pedagógica e profundamente terapêutica. Seu objetivo é talhar nosso coração, lapidar o nosso espírito, matar nosso “eu”, curar uma consciência aleijada, esculpir Sua imagem em nós, varrer o lixo religioso da nossa mente, reformar o velho cristão estereotipado, sarar antigas feridas da alma, nos convidar a experimentar o novo que brota Dele. O Senhor quer nos tirar do “eu acho, dizem que é...” e nos colocar no “eu conheço, meu olhos te vêem” como foi com Jó. (42:5) Quem somos nós para julgar os métodos do Senhor? Ou para ensiná-lO qual deva ser a melhor forma de forjar em nós um caráter excelente? Jó ainda se arriscou a interrogar a Deus mais no capitulo 38 Deus ensina a Jó e a nós também que somos pequeninos de mais para conhecer os grandes mistérios de Deus e sua soberana forma de guiar os filhinhos amados. Palmadas de um Pai amoroso que ensina e livra dos perigos do caminho e nos conduz por lugares seguros. Sentir que doe é saber que se esta crescendo. Deus não tem nenhum compromisso com filhos retardados. Ele prepara pra vida. Que bom que doe, pois essa tua dor te levará ao mais belo Consolador. Consolado por Ele... Tomas 9/19/08

A psicologia do carpinteiro

A verdade é que apesar de sermos mais de 2 bilhões de cristãos, infelizmente sabemos muito pouco sobre o nosso Cristo. E o que é mais triste e chocante é que o jesus de alguns, nem mesmo Jesus conhece. Esse é um jesus fabricado pela mente humana, um deus pra ser acreditado, um cristo que não foi homem, e assim não tinha sede, fome, necessidades físicas, um tipo meio agnóstico para-normal, um fruto de provas externas, de ação e reação, ou de meios influenciadores, mas não é um Jesus que nasce das vísceras, entranhas, que não é o bom amigo e morador em mim mais um Deus longínquo e muito ocupado. Eu quero falar do jovem que dividiu a historia, que reconciliou definitivamente, Deus com o pecador. Esse é alguém homem/Deus que de uma forma simples, de uma filosofia indescritível e um amor inexplicável escolheu dose discípulos desqualificados, completamente falhos e inaptos do ponto de vista psicológico para mudar o mundo! A verdade é que Jesus quebrou paradigmas, superou expectativas, foi além do já conhecido. Se parássemos para observar a inteligência multifocal do mestre, ficaríamos perplexos com a psicologia do carpinteiro. Ele não andou mais de 300 quilômetros, e não tinha uma estratégia de marketing para divulgar a si mesmo, não se juntou aos políticos, ou os da alta sociedade, falava aos que queriam ouvir, ia aos que tinham sede, veio para os que estavam enfermos. Quebrava toda a ética judaica ao falar com uma prostituta ao meio dia em Samaria, não escolheu nenhum discípulo que fosse fora do comum, pelo contrario, eram simples pescadores, coletores de impostos, pessoas com falhas no caráter e um campo minado nas emoções. Jesus não se parecia com alguns lideres de hoje que ao menor sinal de erro excluem os seus liderados, Ele foi atrás de Pedro mesmo depois de Pedro O ter negado, reconstrói o cenário da queda e sara as feridas de Pedro em amor. (Não houve sermão, ou um discurso para colocar o discípulo de temperamento explosivo ainda mais para baixo) há um convite. “apascenta as minhas ovelhas” Jesus vai mais além com a lei, e tira o pecado do campo da ação e o coloca no campo do pensamento. Jesus bate de frente com a religião dos fariseus e ensina a seus seguidores, que Deus olha para algo que os que estão de fora não podem ver, a sua consciência. Ele corre risco para salvar uma mulher adultera que foi trazida a Ele pelos fariseus, e com muita sabedoria levou os fariseus a pensar na sua psicopatia e defendeu a mulher que merecia mesmo ser apedrejada pela lei. Ele não tinha medo de mostrar seus medos, e antes da sua morte chamou a Pedro, Tiago e João e disse-lhes que sua alma estava profundamente angustiada. Aos abatidos lhes dava motivação, aos excluídos, lhes perguntava “o que queres que eu te faça?” Ele plantou a mais preciosa semente no solo da alma humana, fez de cada olhar um divã, fez de cada palavra um balsamo, fez de cada toque uma cura, fez de cada gesto uma aula, fez de cada perdido um sonhador, fez dos fracos fortes. Reeditou o passado de cada um, reescreveu o futuro de todos que com Ele cruzaram. Ele fez do funeral da viúva de Naim uma festa, Ele fez do possesso de Gadara um missionário, fez do cobrador de impostos um discípulo, fez do pescador de peixes um pescador de homens. Ele ajudou a esculpir um novo caráter nas pessoas, usando melhor que qualquer um, a escola da vida. Ele foi muito mais que Platão, que Sócrates, que Freud etc. O que me deixa feliz é que o maior psicólogo que já existiu, atende seus pacientes até hoje. Sempre que preciso falo com Ele. Jesus não é só “cafuné” algumas vezes ele até puxa minhas orelhas, mais sempre me ampara, me abraça, me ama, me ensina, me molda, me ajuda...Esse carpinteiro não entende só de paus e pregos, entende também de coração ferido, de almas que choram, das dores internas, de traumas, de falhas, temores... Não existe alguém que possa te ajudar e te entender melhor que o mestre Jesus. Basta você o abraçar em seu coração e entregar seu fardo a Ele. (Tomas) 9/12/08

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Grito! Novos evangélicos (Matéria publicada na Revista Época)

Por Ricardo Alexandre Matéria publicada na Revista Época Rani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima. Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes. Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV. Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade”. Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica. Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.” Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da“religiosidade institucionalizada”. Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.” Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. “As instituições estão todas sub judice”, diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. “Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita.” Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. “Acabamos nos perdendo no linguajar ‘evangeliquês’, no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade”, afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. “É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo.” Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é “uma igreja mutante para um mundo mutante”. Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de “igreja emergente” desde o final da década de 1990. “O importante não é a forma”, afirma Uchôa. “É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando.” No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis (leia o quadro na última pág.). Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda. “Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas”, diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). “O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado.” Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. “É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram ‘pensadores’”, afirma Ricardo Agreste. “O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade.” Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. “Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã”, diz. “Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas.” Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostais veio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como “macumba para evangélico” as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda. Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – como Supercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores. “Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos”, diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão. O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais “A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho”, diz ele. “Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo.” A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e “leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos” em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como “reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos.” Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica”, afirma. Procurado por ÉPOCA, Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. “Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes”, diz ele. “Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos.” A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma “réplica do Templo de Salomão” em São Paulo, com “pedras trazidas de Israel” e “maior do que a Catedral da Sé” – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: “Sem resposta”. O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. “Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel.” A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que “talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior” e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. “As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade”, diz ele. “As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações.” Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. “O destino desses líderes será ‘pescar no aquário’, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar ‘melhorá-lo’ ou torná-lo mais interessante ou vendável.” O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um “documento”, “autenticado” pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se “associar com Deus e ter de Deus os benefícios” – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários. Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma “unção financeira dos últimos dias” em troca de quem “semear” um “compromisso” de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal “não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho”. “Vergonha alheia em doses quase insuportáveis” foi o comentário mais ameno entre os internautas. Sites como Pavablog , Veshame Gospel , Irmãos.com , Púlpito Cristão , Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a ideia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como “O $how tem que parar” e “Jesus não está aqui, ele está nas favelas”. A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o “secular” e o “sagrado” é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. “A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade”, diz Ricardo Agreste. “Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso.” Em São Paulo, o capelão Valter Ravara criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. “É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”, afirma Ravara. “O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar.” Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade. A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembleia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é “expressar o Reino de Deus” dentro da política. “É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos”, diz ele. O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como “música feita por cristãos”, não mais como “gospel”. Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. “No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores”, diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. “É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo.” A teologia chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: “Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa”.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Voz no Vale

O ministério Voz na Rua é parceiro do Vale Ramá. Estivemos dos dias 13/7 a 15/7 somando forças numa Escola Bíblica de Férias com aproximadamente 200 crianças de uma comunidade pobre no bairro de Dois unidos. Mateus 18:14 Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos. Mateus 19:14 Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus. Mateus 21:16 Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor? Deus abençoe o Pr. Armindo em sua luta diária para abençoar preciosas crianças e suas famílias através do Vale Ramá. Paz na alma

FOTOS

VOZ ACAMP







2010 (Acamp em parceria com a Comunidade Doxa)



VOZ NO VESTIBULAR












VOZ NA ESCOLA




ENCONTROS DE GRAÇA













































VOZ NA ESQUINA
(Equipe da esquina)











PALESTRAS (DESENVOLVIMENTO HUMANO)





PROGRAMAÇÕES ESPECIAIS
(Entrega de bíblias no cinema - Filme: Livro de Eli)




(Em praça pública - Água Preta)


(Nas rua de Porto Alegre)


(Distribuição de roupas e alimentos)


(I Acamp Doxa - Voznarua)

 
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