segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

JESUS SÓ CONHECE DISCÍPULOS!

Dois tipos de pessoas acompanhavam Jesus em seu ministério. O primeiro tipo era a multidão, a esmagadora maioria. O segundo tipo era composto pelos seus discípulos. A multidão, na verdade, estava interessada no que Jesus podia fazer, ou seja, nas coisas de Deus. Os discípulos seguiam Jesus por quem Ele era. Não desejavam as coisas de Deus, mas o Deus de todas as coisas!
Hoje em meio a tanta gente falando de Jesus, como identificar um discípulo? Como saber se alguém de fato está seguindo o mestre?
A primeira característica que quero destacar é que os verdadeiros discípulos de Jesus sabem quem Ele é, e o seguem por isso. Certa vez, Jesus perguntou aos seus discípulos o que a multidão pensava sobre Ele, as respostas não passaram de comparações com os profetas, em outras palavras, a multidão tinha uma visão distorcida sobre quem Ele era. Hoje não é diferente, para muitos Jesus é apenas um amuleto da sorte, um recurso transcendental para satisfazer as necessidades existenciais mais supérfluas, o deus que garante a prosperidade financeira e a pobreza intelectual. Para alguns, Jesus representa um Deus tirano e punitivo que garante o legalismo de muitos. Para outros ainda, ele é o fundador do Cristianismo. Já para os discípulos, estava bem claro “...o Cristo, o Filho do Deus vivo.” O Discípulo sabe a quem segue. Conhece seu mestre. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.”
A segunda característica que diferencia a multidão dos discípulos é a paixão pela mensagem do evangelho. Jesus estava pregando para a multidão e não estava preocupado em dizer o que o povo queria ouvir, mas pregava o que precisava ser dito. Então a multidão começou a dizer “... Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (João 6:66). A mensagem do evangelho vai de encontro à natureza humana, desafia o ouvinte, constrange em amor o pecador, contraria a razão, vai na contramão do curso natural da vida. O evangelho é a contracultura do mundo. Isso não agradou a multidão que logo foi embora. Algumas igrejas hoje ficariam vazias se o evangelho de Jesus fosse pregado com fidelidade. Jesus testando os discípulos perguntou; “Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” ao que Pedro mais uma vez respondeu “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna”. O discípulo ama o evangelho radicalmente mesmo que a mensagem seja contra ele. Para o discípulo as palavras do evangelho são palavras de vida. “Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”
Uma terceira característica que evidencia o verdadeiro discípulo é o amor. “Sem amor de nada valeria...” O discípulo faz do amor seu estilo de vida. Quanto a isso Jesus foi muito claro, “Nisto conhecereis que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros...”Jo 13:35. Deve ter sido essa a razão que levou Gandhi a afirmar “no vosso Cristo eu creio, eu só não creio é no vosso Cristianismo..” porque enquanto ele pregava e vivia para promover a paz os cristãos faziam a guerra. O amor ao próximo é o indicativo de que brotou no coração do discípulo um verdadeiro amor por Deus.

Por último, gostaria de colocar mais uma característica. O verdadeiro discípulo sabe que está na terra em missão. “Assim como o pai me enviou eu também vos envio”. Quem se converte a Jesus faz da vida um grande ministério, cada momento do seu dia deve ser um sermão. Não está preocupado em guardar bens ou viver para encher seus celeiros, pois somente um louco construiria seu castelo sobre uma ponte. Discípulos são peregrinos na terra. Cada ação precisa ser fruto da sua fé em Jesus, porque foi para isso que Ele nos escolheu. “Não fostes vós que escolhestes a mim, eu vos escolhi a vós e vos nomeei para que vades e dei frutos...”

Visite agora os porões da sua consciência e responda pra si mesmo; Em que grupo você está? Na multidão ou seguindo o mestre de perto como verdadeiro discípulo?
Paz na alma
Tomas...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O preço de não escutar a natureza

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que distribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água.

Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais frequentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.



Leonardo Boff – teólogo e escritor, escreveu este artigo para diversos veículos de comunicação

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011



Que Deus nos ajude a ver surgir o seguinte:

1. Um caminho onde todos se ajudem, e ninguém se julgue.

2. Um caminho onde cada qual abra a própria a alma com o aflito.

3. Um caminho onde todos saibam que cada um chama o caminhar à existência pelo modo como caminha em fé.

4. Um caminho onde somente o Evangelho seja o chão do andar.

5. Um caminho onde as culpas dêem lugar à fé que descansa no amor de Deus.

6. Um caminho-lugar impossível de não se conhecer e experimentar a Graça, posto que quem a recebeu, tem que oferecê-la de graça aos demais.

7. Um lugar onde o que Jesus já fez por nós não precise de nenhuma ajuda ou acréscimos de novos sacrifícios. Posto que está feito e consumado.

8. Um caminho que não seja uma estrada fixa, mas uma jornada viva, onde o chão de cada um tem em comum com os demais, a Graça, mas que é completamente particular e singular para o indivíduo.

9. Um caminho de individuação, e de consciência de irmandade.

10. Um caminho de cura para a alma, e de alegria para o espírito. Ou seja: um caminho de paz. Pura Boa Nova.

É nesta direção que estamos indo...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Toda essa chuva me fez lembrar uma canção

Balada Da Caridade (Composição: Gomes/ribeiro)



Para mim a chuva no telhado
É cantiga de ninar
Mas o pobre meu Irmão
Para ele a chuva fria
Vai entrando em seu barraco
E faz lama pelo chão

Como posso
Ter sono sossegado
Se no dia que passou
Os meus braços eu cruzei?

Como posso ser feliz
Se ao pobre meu Irmão
Eu fechei meu coração
Meu amor eu recusei? (bis)

Para mim o vento que assovia
É noturna melodia
Mas o pobre meu irmão
Ouve o vento angustiado
Pois o vento, esse malvado
Lhe desmancha o barracão

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O sono perigoso!


No livro de Atos no Capitulo 20: 9-12 vemos que Paulo estava no último dia de sua viagem pela cidade de Trôade e seu sermão se estendeu um pouco mais do que o normal. Havia lá um jovem por nome Êutico sentado na janela. O fato é que em algum determinado momento o que o apostolo Paulo falava tornou-se não muito interessante para o jovem. Creio que Êutico não tinha tanta paixão pela mensagem que estava sendo pregada e se deixou vencer pelo sono. Como estava num lugar perigoso e que não tinha sido feito para sentar e por isso não tinha nenhum tipo de proteção, o jovem caiu do terceiro andar da casa onde estavam todos reunidos e morreu. Pela graça de Deus Paulo cheio do Espírito Santo ressuscita o jovem e tudo acaba bem.

Essa não foi a primeira vez que vemos pessoas dormirem e negligenciarem sua missão. Você deve lembrar-se de Jonas que tinha a missão de pregar em Nínive, mas escolheu dormir profundamente no porão de um navio que seguia em direção oposta ao destino desejado por Deus.
Sansão é outro exemplo de pessoa escolhida pelo próprio Deus para uma grande missão entre seu povo e que acabou dormindo no ponto ao flertar com o pecado e não perceber as conseqüências que o seu cochilo lhe traria.
Pedro, Tiago e João também tinham uma missão dada por Jesus no Getsemani. Orar! Mas não foi bem assim que Jesus lhes encontrou. Eles dormiram durante a missão.

Alguns anos atrás eu li uma matéria chamada, “eles são diferentes e adoram isso” da revista Veja, (edição 2077, 10 de setembro de 2008) a matéria falava da postura dos jovens de algumas novas igrejas e colocava como única diferença o fato de não beber, não fumar ou fazer sexo antes do casamento. “eles vão pra balada, beijão quem eles quiseres, buscam prosperidade e fazem questão de ser igual a todos os outros”.

Eu me pergunto quando nós vamos acordar desse sono profundo na espiritualidade evangélica atual. O jovem Êutico estava num lugar de perigo e não estava atento a mensagem do evangelho pregada por Paulo. Ele foi seduzido pela visão e conforto da janela. Muitos de nós jovens cristão vivemos um sono espiritual, e caímos da janela direto para uma fé irrelevante na pós-modernidade. Cristãos camuflados, silenciosos, passivos, discretos. Evangélicos que não se envolvem com as problemáticas urbanas, não lutam pelos direitos do povo, não agem em favor da vida. Será que entendemos o que Paulo fala em Romanos 12? “Não tomai forma desse mundo”, mais (METANOIA) que é uma palavra grega que significa renovação de mente, mudança, conversão de caminho.


Fomos chamados para anunciar e viver as boas novas! Fazer a diferença. Fomos transformados para transformar essa geração. Essa é nossa missão. Mas infelizmente muitos de nós estamos desatentos e sentados na janela perigosa da vida num cochilo que pode matar a alma! É hora de acordarmos desse sono!

Os jovens vivem cada vez mais uma sexualidade desenfreada e irresponsável. As drogas destroem famílias. Estima-se que mais de 873.000 pessoas cometam suicídios todos os anos e essa é a terceira causa mais comum de morte entre os jovens de 15 a 35 anos.
Aproximadamente 8.000 povos no mundo ainda não foram alcançados com o Evangelho. 118 povos indígenas brasileiros ainda não têm missionários. A bíblia precisa ser traduzida ainda para mais de 4.000 línguas. Ainda existem muitos países que não possuem nenhum crente nacionalmente conhecido.
A ONU estima que 150.000 pessoas morram todos os dias! Qual será o destino eterno delas? Onde esta a igreja? Num bom cochilo. Onde estão os jovens chamados por Deus por serem fortes? Na balada, conformando-se com esse mundo, preocupados em serem iguais, buscando desfrutar dessa sociedade hedonista. Em outras palavras num sono gostosoOOO.
Onde você esta? Fuja da janela, (esse é um lugar de perigo) e atente para o chamado de Deus. Ele que usar você mais não o fará se você estiver dormindo espiritualmente, portanto Desperte jovem!

Com certa ironia esperançosa...
Tomas

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A verdade em metades - Por Ed. René Kivitz

A porta da verdade estava aberta,

mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava

só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil.

E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos.

Era dividida em metades diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

Nenhuma das duas era totalmente bela.

E carecia optar.

Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Este poema de Carlos Drummond de Andrade é um convite à humildade e à comunhão. Comunhão não existe sem humildade. E sem as duas, não existe experiência da verdade. A verdade a gente não sabe. A verdade a gente vive quando ela se apropria de nós. A verdade não é coisa da razão, resultado da reflexão. A verdade é soma de corações e não de cabeças.

A verdade é coisa fugidia, que não se deixa prender na gaiola dos raciocínios, não cai nas armadilhas dos pensamentos. A verdade é isso, a gente experimenta, saboreia, se delicia, mas não fica com ela como quem tem posse, pois a verdade é maior do que nós, em cada um de nós só cabe meia verdade, ou bem menos. E a gente tenta fazer uma verdade inteira juntando as partes e ficando com elas, como quem rouba do outro a metade ou parte que está com ele, pra depois a gente ficar dono da verdade. Mas a verdade não participa desse jogo. O jogo da verdade não é soma, é partilha. Não é brincadeira onde quem tem mais meia verdade ganha. É mais como uma dança onde a beleza e o alumbramento vêm no par, ou até mesmo na roda, onde as mãos e braços vão se encontrando e se despedindo, até que todo mundo na roda vive a verdade, e brinca com ela cada vez que os braços se entrelaçam e as mãos se acariciam. No fim da noite, quando cada um vai para casa descansar, a verdade também se recolhe, para que no dia seguinte todo mundo se precise novamente. Assim a humildade e a comunhão cuidam da verdade.

Na dança da verdade, meia verdade é verdade com limite, é verdade incompleta, dizendo para todo mundo que as idéias são menos importantes que as pessoas. Quem não consegue entrar na roda e quer espreitar para colecionar fragmentos de verdade, imaginando ser possível ficar dono da verdade e viver tomando conta da verdade, de fato, não vive com a verdade, mas com o capricho, a ilusão ou a miopia. Porque prefere as idéias às gentes, fica com a mentira, porque a verdade é uma pessoa e não um conceito. A verdade é uma pessoa, que gosta de brincar, de rir e de chorar. A verdade é uma pessoa que se dá a conhecer na comunhão dos humildes: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”, disse a verdade inteira aos que tinham consigo apenas meias verdades.
"Chorar com os que choram..."
Samba lamento



Quando o Rio chora de tristeza,

Lágrima no rosto de Teresa

Pedra e lama derramadas pela imensidão

Fazem abafar até o som do violão.

Sofrimento imenso e absurdo

Inundando as ruas de Friburgo.

Grito de socorro que atravessa a escuridão

Desce com o morro sem qualquer explicação

.

Meu samba é só lamento,

Lama e suor, sentimento

Pelo que sofre escondido

A prece vai ao vento

Feito canção, pensamento

Só um desejo de abrigo

.

Choro com o Rio de Janeiro

Lágrima no rosto de Dom Pedro

Quando um pai aflito estendeu a sua mão

Para abraçar só o vazio da solidão

Ouço o soluço do Caleme

Onde o morro morre e a terra geme

Pobre mãe que olha da janela a agitação

Invadir assim o seu pequeno coração

.
(Gladir Cabral)Criciúma, 16 janeiro 2011.
(http://www.gladircabral.com.br/index.php)

sábado, 15 de janeiro de 2011

Igreja nao é teatro...

Há entre a maioria das igrejas hoje uma triste realidade, a de que as pessoas se aproximam com um espírito exigente de consumidor, vêem os cultos como apresentações e sempre com um desejo, dê-me algo de que eu goste. “Divirta-me”.
Temos a tendência de ver a igreja como uma espécie de teatro: sentamos no auditório, assistindo com atenção ao ator no palco que leva todos a olharem para si. Se estivermos suficientemente entretidos, mostramos nossa gratidão com vivas e aplausos. Mas a igreja deve ser o oposto do teatro. Na igreja Deus é a audiência de nossa adoração. Longe de fazer o papel de ator principal, o pastor deve agir como o discreto ajudante que se senta ao lado do palco e sussurra as linhas e dá algumas dicas.
O que realmente importa ocorre dentro dos corações da congregação, não entre os atores no palco. Devemos sair do culto não somente nos perguntando “o que aproveitei disso?” e sim “Deus se agradou do que ocorreu?” dirigir os olhos para além do palco, para Deus.
Walter Wink diz que adorar é lembrar Quem é o dono da casa. Na igreja posso olhar para a plataforma, como espectador, ou olhar para cima, para Deus.
A igreja existe, não para oferecer entretenimento, diversão, encorajar vulnerabilidade, melhorar a auto-estima ou facilitar amizades, mas, para adorar a Deus. Se falharmos nisso, a igreja fracassa.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Carta de uma mãe que perdeu a filha brutalmente e uma resposta de Deus!

Querido pastor Caio Fábio,
Eu sou uma mãe que acaba de perder uma filha linda, maravilhosa, de 26 anos, com apenas cinco meses de casada... Hoje faz sete dias que a perdemos...
Ela era poesia, cor, música e sensibilidade...
Nós somos uma família que conheceu Jesus quando as nossas três meninas tinham entre três e oito anos. Passamos por grandes lutas e desafios e congregamos na Igreja Presbiteriana do Setor Sul de Anápolis com o Pr Ronaldo Cavalcante.
Caio Fabio, seguimos os seus passos todas as vezes que você esteve por aqui.
Quarta feira passada por volta das 13 horas meu marido me falou que tínhamos que ir para Goiânia porque a nossa filha do meio, a Polyanna, tinha desaparecido...a minhas pernas sumiram....mas eu levantei e entrei no carro para ir para Goiânia, pois ela morava lá e estava casada e feliz.....
Apenas com 26 anos; a publicitária mais conhecida da cidade por causa da sua alegria e capacidade de incentivar empresários a acreditarem em seus próprios negócios.
Os homens da família foram para a delegacia... e nós as mulheres da família ficamos 30 horas orando, clamando a Deus e esperando o pedido de resgate, tendo em vista que o carro já havia sido encontrado com seus pertences dentro, e o mesmo havia sido queimado para apagar provas e digitais, dificultando o trabalho da policia...

Oramos sem cessar e ouvimos, e lemos a Palavra; e tivemos a certeza de que o resgate seria pedido e esperamos que ela voltaria para nós e com sua tremenda capacidade poética e criativa e, como uma menina apaixonada por Jesus, ainda escreveria um livro para promover quebrantamento e conversão em muitas vidas....
Nós todos estávamos fazendo uma campanha de oração, e eu sei quais eram os planos dela para o futuro... Planos de paz, de criação, de crescimento, para que o mundo conhecesse o talento gratuito que Deus lhe deu...
Não posso considerar que a minha não aceitação é egoísta... ela queria viver aqui com o seu querido marido a lua de mel que a esperou por 8 anos, ela queria ter filhinhos e levá-los para jogar bola com o avô que não teve meninos, só meninas, ela queria realizar sonhos comunitários.
No ano passado, ela criou um site: www.amigoinedito.com.br para movimentar os internautas a fazerem boas ações e registrarem seus depoimentos neste site.
E agora... Eu entendi a resposta que deram para o “mano”, mas voltar a falar com Deus está difícil demais...
Ainda não sabemos quem foi o sujeito que atirou nela, mas eu não posso acreditar que foi vontade de Deus... Se foi o ódio do inimigo das nossas vidas, eu pergunto: por que Jesus deixou assassinos interromperem a caminhada de uma mensageira de Deus ???
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Resposta:
Minha irmã amada: Graça e Paz!

Do meu ponto de vista..., Adão não deveria ter pecado; Caim não deveria ter matado Abel; os filhos de Caim não deveriam ter construído Babel; Cão não deveria ter “abusado” na nudez do pai, Noé; Abraão não deveria ter gerado filho em sua serva, Hagar; Jacó não deveria ter enganado Esaú, e nem Esaú deveria ter trocado a “bênção” por um prato de lentilhas; os filhos de Jacó não deveriam ter traído José; Moisés deveria ter entrado na Terra de Canaã; a filha de Baraque não deveria ter sido morta pelo voto do pai; Sansão não deveria ter morrido daquele jeito; Davi não deveria ter surtado nunca; e, por isso, não deveria ter perdido nenhum filho; Isaías não deveria ter sido serrado pelo meio; a mulher de Ezequiel não deveria ter sido morta como parábola para ensinar os incrédulos; Oséias não deveria ter sido tão infeliz no casamento; os inocentes deveriam ter sido poupados em todas as chacinas; nenhuma criança deveria ter morrido pela ambição dos adultos; nenhuma mãe jamais deveria ter comido seus filhos no auge da fome; João Batista deveria ter vivido vida longa e honrada, ao invés de acabar sem cabeça em razão de uma bunda bonitinha; Jesus, O Verbo, A Palavra, não deveria ter sido morto; a Ressurreição não deveria ter sido tão discreta...; os apóstolos, como Tiago irmão de João, não deveriam ter sido mortos por nenhum capricho [e todos foram...]; Paulo não deveria ter sido morto justamente quando os cristãos mais precisavam dele; milhares de testemunhas também nunca deveriam ter morrido uma morte sem sentido, banal; enquanto os maus prosperam; enquanto a injustiça foge do juízo; enquanto a verdade é pisoteada; enquanto a maldade se torna poder; enquanto gente boa some... sem explicação...

Sim, entregue a minha visão menor do que a de uma ameba e mais egoísta do que eu mesmo consigo discernir a profundidade do egoísmo, eu poderia consertar o mundo; impedir todas as injustiças; ajudar Deus a ser Deus; determinar o melhor pro mundo, pros meus filhos, pra minha vida; enfim, eu, entregue a mim mesmo, seria tão cheio de boas idéias..., que ninguém que eu amasse morreria; sim, ninguém...; e se morresse seria com meu consentimento, entendimento, compreensão e apoio a Deus na Sua soberania!...

Ah, se eu fosse o Deus do mundo ninguém morreria; ou, então, ninguém que eu gostasse; e, da minha casa, certamente ninguém morreria; não enquanto eu estivesse vivo...

Eu, todavia, há muito aceitei e vi que de fato não vejo; percebi que de fato não discirno; entendi minha limitação de entendimento; constatei que meu melhor amor é ainda por mim mesmo e por meus sonhos; aprendi que meus amores são “meus” e por “minha causa”; pois, morre o vizinho, e não sinto; morre o jovem da esquina, e logo esqueço; milhares são vitimados, e eu apenas lamento; o mundo acaba em vários lugares da terra, e eu agradeço que não seja AQUI...; e, aqui, é onde moro, vivo; e AQUI não posso conceber que aconteça o que no mundo inteiro acontece...

O que não dá é para sofrer em nome de sua filha os sofrimentos que ela não está sofrendo...

Sim, pois você queria ver a sua filha casada e feliz no casamento; tendo filhos; se realizando profissionalmente; etc... Esses são os seus sonhos e um dia foram os dela... Mas saiba: AGORA já não são [...] mais sonhos dela, mas apenas seus [...] por e para ela...

Hoje, para ela, o melhor marido é nevoa perto da Glória; a melhor lua de mel é amarga se comparada à alegria dela; os filhos mais lindos são miragens quando comparados aos encontros de amor que ela está tendo; as realizações profissionais que lhe orgulhariam, hoje, agora, para ela, são as canseiras e os enfados que cessaram...

O problema é que você não teve tempo para se realizar nela!...
É claro que a dor é indescritível... E ninguém pode dizer que não conheço tal dor... Mais de uma vez...
Todavia, é como pai que perdeu filho; como filho que perdeu pai; como irmão que perdeu irmão; como amigo que já perdeu milhares de amigos, que lhe digo que meus sentimentos seriam todos como os seus, não fosse o fato de que discerni faz tempo, que a maior dor dos enlutados é ainda egoísmo pelo outro [...] cuja alegria está plena, mas não a nós...; e, também, vi que tais sentimentos são todos o resultado de minha vontade de me ter nos meus filhos, de me reproduzir neles e assistir tal fato; ou seja: descobri, com toda honestidade, que minha frustração era não poder gozar a vida neles [...], nos que foram...

Entretanto, hoje, o que lhe digo parece sem coração e fácil de dizer...
Mas não é... O que é então que me faz dizer o que digo?...

Ora, é a simples coerência com a fé que professo; é a simples coerência com Jesus; é a simples coerência com a existência que mata os homens dos quais o mundo não é digno; é coerência com João Batista, que não era inferior ao meu filho Lukas, e, mesmo assim, morreu por um capricho...

O que posso lhe dizer é que somente a transcendência da fé que se projeta para a Vida que é, sim, somente tal poder pode nos fazer vencer tal dor; a qual, por mais legitima que seja, sempre mistura amor e egoísmo; sempre mistura fé com privilegio; sempre crê que a vida eterna é uma belezinha apenas para quando a gente estiver caquético...

Leia os evangelhos e veja se é justo você pensar que a vida dos discípulos de Jesus esteja para além da calamidade!...

Sei que no momento minha resposta chega a você como vinagre na ferida... Infelizmente, no entanto, não tenho consolações vazias; e nem digo a ninguém o que Jesus jamais disse... Jesus nunca consolou ninguém dizendo “Que Pena! Tão Novinho!”...

Na realidade, ao olhar o mundo, mais creio e internalizo como verdade a declaração que diz que é preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus santos!...

O que eu digo [...] você não entende agora, mas compreenderá depois!...

É justo e sadio chorar os nossos amados... O que não é certo é perguntar por que um mundo que mata tanto todos os dias, gente que amamos também possa e venha a morrer?...

Além disso, o fato de ter sido um seqüestro seguido de assassinato, do ponto de vista de Jesus, não muda nada; posto que Lhe tenham falado das desgraças e maldades praticadas por Pilatos, ou do acidente idiota na Torre de Siloé, e, a tais narrativas, Ele não acrescentou nada em especial; visto que Dele não se tenha ouvido um “Oh!”; ou um “Ô”; ou um “Que coisa!”...

Não! Ele apenas disse: “Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis!”...

O fato é que Jesus não tem misericórdia e pena por ninguém que esteja partindo desse mundo para a morada do Pai!

Você teria?...

Sinto saudades... Choro... Abraço as memórias... Beijo meu filho no meu coração todos os dias... Mas não o traria de volta se pudesse... Sim, jamais desejaria a ele tal maldade de tê-lo de volta a esse mundo, uma vez que dele meu filho esteja livre para sempre...
Você acha mesmo que o sucesso Publicitário é para comparar com o nome dela publicado no Livro da Vida?...
Seu olhar está enterrado neste mundo, e, por isso, fica impossível hoje para você o alegrar-se na Glória de Deus!

Entretanto, eu lhe digo:... Se tais “perdas” não nos projetarem para Deus pelo menos pelo afeto eternizado por filhos que já se foram para a Casa Eterna, pergunto: quando então se amará a eternidade ainda vivendo neste mundo?...

Será que um crente só deseja e celebra a eternidade quando o câncer já comeu tanto os órgãos, que a dor é tão desesperadora que a pessoa quer ir para Deus, não por Deus, mas apenas para ficar livre da dor?...

É mesmo assim?... Deus é apenas uma alternativa ao desespero da dor sem cura neste mundo?...

Ora, se é assim, Deus ainda não é amado por nós!...

Chore! Chore! Chore! Pois dói demais!... Mas chore enquanto vê sua filha em Glória; e, portanto, ao chorar, chore por você e não por ela; posto que se ela visse você lamentando a gloria dela, ela lhe diria:

“Mãe! Você não viveu para a minha felicidade?... Então, por que se entristece com minha plenitude em Deus?”

Além do que já disse, não tenho nada para dizer a ninguém e nem a você, minha amada irmã no Evangelho e no luto!...

Entretanto, sei que somente o Espírito Santo pode tornar alguém apto para discernir [...] e se consolar com tais realidades invisíveis...

Oro por você e pela sua casa... Oro pelo seu genro... Oro para que vocês se gloriem na esperança da glória de Deus, conforme se mande que seja para quem de fato crê em tudo o que confessa como fé em tempos de bonança...

Receba meu amor e minha solidariedade!

Nele, que ama nossos filhos mais do que em nosso egoísmo a gente consegue conceber o que seja amor,

Caio Fábio
30 de setembro de 2009
Lago Norte
Brasília - DF

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O evangelho transforma!





 
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