sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano novo é novo caminhar!

Fiquei encantado com o que Carlos Drumond de Andrade
escreveu sobre o ano novo; "Quem teve a idéia de contar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra frente... tudo vai ser diferente!”

Mário Quintana também teve o mesmo espírito ao dizer "Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça..."

O fato é que pra ser mesmo um ano diferente, novo e cheio de esperança, precisamos corrigir nossa caminhada, pois como disse Luís Camões “Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos”. É fundamental ser mais ético mesmo que ninguém esteja olhando, pois esse é o único jeito de ser mais humano e digno da dádiva da vida. Também é preciso ser mais sensível para enxergar o próximo em suas necessidades, pois é a única maneira de fugir da cegueira da indiferença tão comum em nossos dias. É indispensável ser mais responsável com o planeta terra, pois somos a única verdadeira catástrofe que a natureza já conheceu.
Nosso desejo é que em 2012 sejamos uma voz do bem, da vida, do evangelho, para orientar uma marcha de esperança, que nasce como fruto dos nossos atos de justiça! O ano só será novo se houver em nós um novo caminhar. É isso que acontece com quem encontra Jesus. Portanto "Nunca tenha medo de confiar um futuro desconhecido a um Deus conhecido"(Corrie Boom).
O Voz na Rua deseja a todos um feliz ano novo!

“Ninguém remenda uma roupa velha com um retalho de pano novo; porque o remendo novo encolhe e rasga a roupa velha, aumentando o buraco. Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se alguém fizer isso, os odres rebentam, o vinho se perde, e os odres ficam estragados. Pelo contrário, vinho novo é posto em odres novos, e assim o vinho e os odres não se estragam”.
MATEUS 9:16 e 17.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Eu sei o sentido do natal....

A cidade se enche de luzes, as igrejas de cantatas, as crianças de presentes, as pessoas são tomadas por um espírito de fraternidade, e o comercio aquecido denunciam que está próximo o natal.
A minha pergunta é simples, qual é o natal que estão comemorando? Será o de Jesus? Que natal nos apresenta os evangelhos? Qual foi o natal que os discípulos comemoraram?
Na tentativa de cristianizar o paganismo, Constantino acabou por paganizar o cristianismo. O dia 25 de dezembro é uma herança pagã, onde as pessoas cultuavam ao deus da luz/sol (Mitra) nessa data. Provavelmente Jesus nasceu em outubro. O fato de celebrar tal data é de natureza cultural e foi instituída no quarto século.
Você deve estar se perguntando, qual é então o verdadeiro natal? É não apenas o comemorar da encarnação de Deus como homem, mas é quando ele nasce em mim! Acreditar que o natal é uma data no calendário cristão é uma visão medíocre. Natal é um acontecimento existencial que provoca continua conversão. Os apóstolos só conheceram o natal como um novo nascimento interior, que só existiu porque Deus encarnou e reconciliou consigo o mundo. O evangelho é ateu de datas. As escrituras não nos mostram nenhuma data festiva especial, mas sim, que a vida vira uma festa da graça pra quem nasce em Jesus. Natal é mudar de caminho, de vida, de atitude, é ser fraterno não somente em dezembro, mas a vida inteira! É ver nascer em si um outro ser,e tal transformação é fruto da consciência que o evangelho produz. Natal é o caminho para a esperança de vida abundante.
Durante esse ano, eu vi muitos natais. Pessoas que se encontraram com Jesus e nasceram de novo. Começaram sua caminhada e iniciaram o processo de converter-se dia após dia para segui-lo.
Mas, isso quer dizer que nós não devemos festejar o dia 25 dezembro por sabermos da origem pagã dessa data? As coisas tem o significado que atribuímos a elas. A bíblia nos fala na carta à Tito que tudo é puro para os puros. Você não precisa enxergar o mundo como cheio de maldições. Paulo não proibiu os alimentos consagrados aos ídolos. Não permita que sua mente religiosa lhe faça absolver perspectivas polarizadas. Não viva com conflitos e culpas, porque Jesus encarnou para que fossemos livres disso! Não perca esse momento de estar em família, entre amigos com clara convicção que não importa as datas, mas o momento e o significado que lhe atribuímos. Essa é uma boa oportunidade para lembrar da encarnação e celebrar o nosso novo nascimento, o novo caminho. Comemore o amor de Deus ao enviar seu filho na maior atitude de graça que existiu. Isso merece uma boa festa, e creia, Jesus é o amigo das festas. Apenas saiba que o dia do verdadeiro natal é todo dia!

Desejo a todos, boas festas e Paz na alma!
Tomas

A verdadeira história do Natal

A humanidade comemora essa data desde bem antes do nascimento de Jesus. Conheça o bolo de tradições que deram origem à Noite Feliz
Texto Thiago Minami e Alexandre Versignassi

Roma, século 2, dia 25 de dezembro. A população está em festa, em homenagem ao nascimento daquele que veio para trazer benevolência, sabedoria e solidariedade aos homens. Cultos religiosos celebram o ícone, nessa que é a data mais sagrada do ano. Enquanto isso, as famílias apreciam os presentes trocados dias antes e se recuperam de uma longa comilança.
Mas não. Essa comemoração não é o Natal. Trata-se de uma homenagem à data de "nascimento" do deus persa Mitra, que representa a luz e, ao longo do século 2, tornou-se uma das divindades mais respeitadas entre os romanos. Qualquer semelhança com o feriado cristão, no entanto, não é mera coincidência.
A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o "renascimento" do Sol. Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.
A comemoração em Roma, então, era só mais um reflexo de tudo isso. Cultuar Mitra, o deus da luz, no 25 de dezembro era nada mais do que festejar o velho solstício de inverno – pelo calendário atual, diferente daquele dos romanos, o fenômeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, esse culto é o que daria origem ao nosso Natal. Ele chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar no centro do Império.
Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra farra dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. "O ponto inicial dessa comemoração eram os sacrifícios ao deus. Enquanto isso, dentro das casas, todos se felicitavam, comiam e trocavam presentes", dizem os historiadores Mary Beard e John North no livro Religions of Rome ("Religiões de Roma", sem tradução para o português). Os mais animados se entregavam a orgias – mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião nanica que não dava bola para essas coisas crescia em Roma: o cristianismo.

Solstício cristão
As datas religiosas mais importantes para os primeiros seguidores de Jesus só tinham a ver com o martírio dele: a Sexta-Feira Santa (crucificação) e a Páscoa (ressurreição). O costume, afinal, era lembrar apenas a morte de personagens importantes. Líderes da Igreja achavam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou de um mártir – já que ele só se torna uma coisa ou outra depois de morrer. Sem falar que ninguém fazia idéia da data em que Cristo veio ao mundo – o Novo Testamento não diz nada a respeito. Só que tinha uma coisa: os fiéis de Roma queriam arranjar algo para fazer frente às comemorações pelo solstício. E colocar uma celebração cristã bem nessa época viria a calhar – principalmente para os chefes da Igreja, que teriam mais facilidade em amealhar novos fiéis. Aí, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus teve a sacada: cravou o aniversário de Jesus no dia 25 de dezembro, nascimento de Mitra. A Igreja aceitou a proposta e, a partir do século 4, quando o cristianismo virou a religião oficial do Império, o Festival do Sol Invicto começou a mudar de homenageado. "Associado ao deus-sol, Jesus assumiu a forma da luz que traria a salvação para a humanidade", diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Assim, a invenção católica herdava tradições anteriores. "Ao contrário do que se pensa, os cristãos nem sempre destruíam as outras percepções de mundo como rolos compressores. Nesse caso, o que ocorreu foi uma troca cultural", afirma outro historiador especialista em Antiguidade, André Chevitarese, da UFRJ.
Não dá para dizer ao certo como eram os primeiros Natais cristãos, mas é fato que hábitos como a troca de presentes e as refeições suntuosas permaneceram. E a coisa não parou por aí. Ao longo da Idade Média, enquanto missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de outros povos foram entrando para a tradição natalina. A que deixou um legado mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a árvore de Natal vêm de lá. Só isso.
Outra contribuição do norte foi a idéia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda é) um gnomo quem cumpre esse papel. Mas essa figura logo ganharia traços mais humanos.

Nasce o Papai Noel
Ásia Menor, século 4. Três moças da cidade de Myra (onde hoje fica a Turquia) estavam na pior. O pai delas não tinha um gato para puxar pelo rabo, e as garotas só viam um jeito de sair da miséria: entrar para o ramo da prostituição. Foi então que, numa noite de inverno, um homem misterioso jogou um saquinho cheio de ouro pela janela (alguns dizem que foi pela chaminé) e sumiu. Na noite seguinte, atirou outro; depois, mais outro. Um para cada moça. Aí as meninas usaram o ouro como dotes de casamento – não dava para arranjar um bom marido na época sem pagar por isso. E viveram felizes para sempre, sem o fantasma de entrar para a vida, digamos, "profissional". Tudo graças ao sujeito dos saquinhos. O nome dele? Papai Noel.
Bom, mais ou menos. O tal benfeitor era um homem de carne e osso conhecido como Nicolau de Myra, o bispo da cidade. Não existem registros históricos sobre a vida dele, mas lenda é o que não falta. Nicolau seria um ricaço que passou a vida dando presentes para os pobres. Histórias sobre a generosidade do bispo, como essa das moças que escaparam do bordel, ganharam status de mito. Logo atribuíram toda sorte de milagres a ele. E um século após sua morte, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica. Virou são Nicolau.
Um santo multiuso: padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, que levaram sua fama de bonzinho para todos os cantos do Velho Continente. Na Rússia e na Grécia Nicolau virou o santo nº1, a Nossa Senhora Aparecida deles. No resto da Europa, a imagem benevolente do bispo de Myra se fundiu com as tradições do Natal. E ele virou o presenteador oficial da data. Na Grã-Bretanha, passaram a chamá-lo de Father Christmas (Papai Natal). Os franceses cunharam Pére Nöel, que quer dizer a mesma coisa e deu origem ao nome que usamos aqui. Na Holanda, o santo Nicolau teve o nome encurtado para Sinterklaas. E o povo dos Países Baixos levou essa versão para a colônia holandesa de Nova Amsterdã (atual Nova York) no século 17 – daí o Santa Claus que os ianques adotariam depois. Assim o Natal que a gente conhece ia ganhando o mundo, mas nem todos gostaram da idéia.

Natal fora-da-lei
Inglaterra, década de 1640. Em meio a uma sangrenta guerra civil, o rei Charles 1º digladiava com os cristãos puritanos – os filhotes mais radicais da Reforma Protestante, que dividiu o cristianismo em várias facções no século 16.
Os puritanos queriam quebrar todos os laços que outras igrejas protestantes, como a anglicana, dos nobres ingleses, ainda mantinham com o catolicismo. A idéia de comemorar o Natal, veja só, era um desses laços. Então precisava ser extirpada.
Primeiro, eles tentaram mudar o nome da data de "Christmas" (Christ’s mass, ou Missa de Cristo) para Christide (Tempo de Cristo) – já que "missa" é um termo católico. Não satisfeitos, decidiram extinguir o Natal numa canetada: em 1645, o Parlamento, de maioria puritana, proibiu as comemorações pelo nascimento de Cristo. As justificativas eram que, além de não estar mencionada na Bíblia, a festa ainda dava início a 12 dias de gula, preguiça e mais um punhado de outros pecados.
A população não quis nem saber e continuou a cair na gandaia às escondidas. Em 1649, Charles 1º foi executado e o líder do exército puritano Oliver Cromwell assumiu o poder. As intrigas sobre a comemoração se acirraram, e chegaram a pancadaria e repressões violentas. A situação, no entanto, durou pouco. Em 1658 Cromwell morreu e a restauração da monarquia trouxe a festa de volta. Mas o Natal não estava completamente a salvo. Alguns puritanos do outro lado do oceano logo proibiriam a comemoração em suas bandas. Foi na então colônia inglesa de Boston, onde festejar o 25 de dezembro virou uma prática ilegal entre 1659 e 1681. O lugar que se tornaria os EUA, afinal, tinha sido colonizado por puritanos ainda mais linha-dura que os seguidores de Cromwell. Tanto que o Natal só virou feriado nacional por lá em 1870, quando uma nova realidade já falava mais alto que cismas religiosas.

Tio Patinhas
Londres, 1846, auge da Revolução Industrial. O rico Ebenezer Scrooge passa seus Natais sozinho e quer que os pobres se explodam "para acabar com o crescimento da população", dizia. Mas aí ele recebe a visita de 3 espíritos que representam o Natal. Eles lhe ensinam que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar riquezas. E o pão-duro se transforma num homem generoso.
Eis o enredo de Um Conto de Natal, do britânico Charles Dickens. O escritor vivia em uma Londres caótica, suja e superpopulada – o número de habitantes tinha saltado de 1 milhão para 2,3 milhões na 1a metade do século 19. Dickens, então, carregou nas tintas para evocar o Natal como um momento de redenção contra esse estresse todo, um intervalo de fraternidade em meio à competição do capitalismo industrial. Depois, inúmeros escritores seguiram a mesma linha – o nome original do Tio Patinhas, por exemplo, é Uncle Scrooge, e a primeira história do pato avarento, feita em 1947, faz paródia a Um Conto de Natal. Tudo isso, no fim das contas, consolidou a imagem do "espírito natalino" que hoje retumba na mídia. Quer dizer: quando começar o próximo especial de Natal da Xuxa, pode ter certeza de que o fantasma de Dickens vai estar ali.
Outra contribuição da Revolução Industrial, bem mais óbvia, foi a produção em massa. Ela turbinou a indústria dos presentes, fez nascer a publicidade natalina e acabou transformando o bispo Nicolau no garoto-propaganda mais requisitado do planeta. Até meados do século 19, a imagem mais comum dele era a de um bispo mesmo, com manto vermelho e mitra – aquele chapéu comprido que as autoridades católicas usam. Para se enquadrar nos novos tempos, então, o homem passou por uma plástica. O cirurgião foi o desenhista americano Thomas Nast, que em 1862, tirou as referências religiosas, adicionou uns quilinhos a mais, remodelou o figurino vermelho e estabeleceu a residência dele no Pólo Norte – para que o velhinho não pertencesse a país nenhum. Nascia o Papai Noel de hoje. Mas a figura do bom velhinho só bombaria mesmo no mundo todo depois de 1931, quando ele virou estrela de uma série de anúncios da Coca-Cola. A campanha foi sucesso imediato. Tão grande que, nas décadas seguintes, o gorducho se tornou a coisa mais associada ao Natal. Mais até que o verdadeiro homenageado da comemoração. Ele mesmo: o Sol.


Religions of Rome - Mary Beard, John North; Cambridge, EUA, 1998
Santa Claus: A Biography - Gerry Bowler, McClelland & Stewart, EUA, 2005

www.candlegrove.com/solstice.html - Como várias culturas comemoram o solstício de inverno.

Fonte:(http://super.abril.com.br/superarquivo/2006/conteudo_475897.shtml)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Formas diferentes de contar a mesma história




sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Grito de fora do portão



Um de meus compositores favoritos, Sérgio Pimenta, dizia que o homem vive com uma saudade constante de Deus. Todo homem convive com isso. Os que conhecem a Deus deleitam-se com a esperança do pleno encontro. Os que não o conhecem têm tal saudade traduzida em constante vazio. Preencher o vazio é tarefa do Espírito; anunciar, proclamar a possibilidade do preenchimento é tarefa da igreja.

Há algum tempo as igrejas batistas em São Paulo fizeram uma campanha tendo como frase tema Cristo é a resposta. Fizeram adesivos, cartazes, camisetas. Pintaram fachadas e muros. Um desses muros foi o do colégio Batista em São Paulo. Mas o que verdadeiramente me chamou a atenção e me marcou em definitivo foi uma pichação que fizeram no muro alguns dias depois de terem pintado a frase-tema. O indivíduo questionou: “Se Cristo é a resposta, qual é a pergunta???”

Como pessoas, nossas vidas muitas vezes não respondem ao sublime e radical chamado de nosso Mestre à adoração pela proclamação, ao amor pela obediência, ao relacionamento pela comunhão, à missão pelo serviço. Como igreja, temos respondido a perguntas que não são mais feitas, dado gritos no vazio de nosso egoísmo e nos limitado aos muros dos guetos que construímos. Não ouvimos mais o clamor do mundo, os seus berros inquietos, gritos desesperados, gemidos de dor sem cura nem resposta, os sons que vêm de fora do portão.

Tenho procurado disciplinar os ouvidos de meu coração ao grito dos aflitos, os que clamam por um “amor maior” (Jota Quest), aos que dizem que “o que falam na TV sobre o jovem não é sério” (Charlie Brown Jr.), que “pequenos momentos podem se tornar inesquecíveis” (idem).

Tenho tentado fazer com que os olhos da minha alma vejam o que Deus vê, os destroços de “La Guernica” (Picasso), o menino que “tá vendendo drops no sinal para alguém” (Lenine), a ver o rosto de Cristo na escultura perfeita de Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa), a chorar com quem está “à procura da felicidade” (Steve Conrad e Will Smith) sem encontrá-la de fato.

Tenho deixado meu espírito ser guiado pela “santa tolice da fé que crê poder mudar o mundo” (São Francisco de Assis), que anseia por ver “para todo mal, a cura” (Lulu Santos), que acredita que “paz sem voz não é paz, é medo” (O Rappa), que contempla a “unimultiplicidade, onde cada homem é sozinho a casa da humanindade” (Tom Zé).

“A estrada segue, seguindo vou” (Carlinhos Veiga). “Se quiser saber pra onde eu vou, para onde tenha sol, é pra lá que eu vou” (J. Quest). Um sol que brilha resplandecente e espanta a noite. “O sol que conheci num dia em que a vida ardia sem explicação” (Cássia Eller).

Aceito, mesmo temeroso, tanto o desafio de tentar discernir a beleza e a angústia expressas no clamor de quem “está fora” (e será que está mesmo?) quanto o de, ao invés de buscar respostas, ser, como Igreja, a resposta de Deus para as inquietações do mundo.

Quem me acompanha?
(Por Fabricio Cunha)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O bêbado e o hipócrita por Jon Foreman do Switchfoot

Jon Foreman do Switchfoot em O que as igrejas podem aprender com os bares. Eu tenho tocado música nas igrejas e bares a vida toda. Em muitos aspectos, há muita semelhança nesses dois lugares. Ambos os grupos dos “ajustados” estão à procura de sentido, realizando uma espécie de ritual, na esperança de encontrar um propósito, algo que extraia da dor algum sentido. À primeira vista, a Igreja parece um lugar melhor para se procurar esperança do que o fundo de uma garrafa. Todos os dias, alcoolismo e vício de drogas destroem famílias, arruinam carreiras e naufragam comunidades. Por outro lado, as crenças teológicas e mal-entendidos foram responsáveis por divisões, divórcios e guerras ao redor do mundo. O problema com cada instituição está dentro de nós. É verdade, o álcool alimenta um fogo diferente do sentimento de piedade, mas nem bêbados nem hipócritas parecem muito bons à luz do dia. Nós levamos nossos problemas para a igreja da mesma maneira que carregamo-os para dentro de um bar – eles só reagem de forma diferente em cada lugar. Infelizmente, os pecados que existem dentro das paredes da Igreja são mais difíceis de detectar. O orgulho, por exemplo, pode ser, incrivelmente bem escondido na comunidade religiosa. Eu raramente ouço as palavras “Eu não sei”, proferida na igreja. E, ainda assim, o trino Criador do tempo e do espaço será sempre envolto em mistério e santidade. Por que não começar no banco de humildade? Certamente todos nós temos conseguido algumas coisas erradas em nossas tentativas de cristianismo. Não é o orgulho que causa divisões entre nós? Quando começamos a caluniar outros cristãos em nome de Deus, sabemos que estamos perdendo a noção. Será que as palavras de nosso Mestre está caindo em ouvidos surdos? “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” “Que eles sejam um, Pai, assim como nós somos um.” Esses pensamentos não são opcionais sobre como as coisas poderiam ser, mas sim pré-requisitos para uma vida que vai entrar no Reino dos Céus. A unidade é coisa séria. A Igreja é chamada a ser uma, como o Deus trino é um só. A salvação completa do nosso planeta é construída sobre a unidade final da Igreja e seu Deus: a noiva e seu Salvador. Infelizmente, a unidade no seio da comunidade eclesial é a exceção, não a regra. É uma vergonha para nós que muitas dessas pessoas desesperadas estejam encontrando mais graça no bar local do que na igreja local. Quando falamos com raiva e fogo que queima de forma diferente do ar fresco da cruz, fazemos um desserviço ao Evangelho. Nós sabemos que no fundo algo está errado. Então nos revoltamos contra os que fazem discursos inflamados. Nós dizemos que o método precisa mudar. Nós chamamos o modelo antigo irrelevante. E sim! O vento fresco do Espírito está pronto para explodir em cima de nós, vamos orar por novas línguas na mesma chama eterna. E ainda que eu falasse as línguas dos anjos e dos homens, se não tivesse amor, de nada isso valeria. Se eu me levantar contra o clichê das camisetas cristãs e não tiver amor, isso não ajuda ninguém. Se eu odeio o ódio legalista, mas não tenho amor, nada se constrói. O inimigo nos enganou em uma nova forma de legalismo? Nosso julgamento não é tão errado quanto? Ah, nós podemos ter encontrado um caminho, mas isso não é amor. Andando sob a fronteira entre bares e Igreja, eu fui mal interpretado por ambos os lados. Tenho certeza que você sentiu a mesma coisa: as pessoas jogam pedras em coisas que não entendem. Mas a pedra dói mais ainda quando ela vem de irmãos bem-intencionados, pessoas que, supostamente estão cheios do amor de Cristo. Nossa reação instintiva é de revidar, se defender. E o ciclo começa novamente. Olho por olho, dente por dente. Deus vai cuidar do cisco no olho do meu vizinho. Quanto mais eu tenho fé em Deus e sua voz forte, menos eu tenho que gritar. Quanto mais eu tenho fé nele, mais livre minhas mãos se tornam para servir os que me rodeiam. Lavar os pés não é um crédito extra. Somos chamados a suportar as cargas uns dos outros. A unidade é uma conquista milagrosa, mas está pendendo para este lado da sepultura. A unidade é o trabalho transformador do poder da cruz em nossas vidas. Nossas diferenças são mínimas. Olhe de um jeito diferente para cruz. Veja o quanto Ele o ama. Veja Sua entrega, Seu sacrifício. A unidade entra em foco somente quando percebemos a magnífica graça do Salvador. Vamos reconhecer nossa necessidade, nosso belo desespero. Sim, a nossa irresponsabilidade, dor, miséria, é um pré-requisito para o bálsamo da salvação. Nós, o povo, os fracassados, os perdedores, os de fora, nós encontramos o nosso rei. Cristo, o Rei dos tolos, o Senhor dos doentes, das almas perdidas como nós. Vamos permanecer em contínuo temor ao amor que temos demonstrado. E vamos amar! Vamos celebrar o amor imprudente de quem arriscou tudo o que podia, para que pudéssemos ser amados. E vamos seguir o caminho de um Deus que nos ama. Os cobradores de impostos e rabinos. As prostitutas e os Saduceus. Nos bares e nas igrejas. Sim, Deus ama até mesmo os cristãos. Via Por: Lenara

"Não importa o quanto fazemos, mas, quanto amor colocamos naquilo que fazemos."

Fiquei surpresa de ver como tantos jovens no Ocidente são ligados a drogas. Tentei descobrir a razão. Por que isso acontece quando no Ocidente as pessoas dispõem de mais bens do que no Oriente? A resposta foi: Porque não há ninguém na família para acatá-los. Nossos filhos dependem de nós para tudo – saúde, alimento, segurança e o conhecimento e amor de Deus. Por tudo isso eles nos olham com confiança, esperança e expectativa. Mas freqüentemente os pais estão tão ocupados que não tem tempo para os filhos, ou talvez nem sejam casados ou desistiram do casamento. Como conseqüência, os filhos vão para as ruas e se envolvem com drogas e outras coisas. Falamos aqui do amor à criança, que é onde o amor deve começar. Estes são os fatores do rompimento da paz… Pessoas materialmente pobres podem ser maravilhosas. Certa noite, saímos e apanhamos quatro pessoas na rua (na Índia). Uma delas estava em péssimas condições. Eu disse às Irmãs: “Vocês cuidam das outras três; cuidarei daquela que parece estar em piores condições”. Fiz por ela tudo o que o meu amor permite. Ao colocá-la na cama, havia um lindo sorriso em seu rosto. Ela segurou minha mão e disse apenas uma palavra: “Obrigada!”, e então morreu. Não pude deixar de fazer um exame de consciência perante a mulher. E me perguntei o que eu diria se estivesse em seu lugar. A resposta era simples. Teria tentado atrair um pouco de atenção para mim, dizendo: “Estou com fome, vou morrer; estou com frio e sinto muita dor” – ou algo assim. Mas ela me deu muito mais – seu amor agradecido. Morreu com um sorriso nos lábios. Houve também um homem que pegamos no esgoto, parcialmente comido por vermes, que, depois de levado ao asilo, disse apenas: “Tenho vivido na rua como um animal, mas vou morrer como um anjo, amando e recebendo atenção”. Então, depois de removermos todos os vermes do seu corpo, com um grande sorriso tudo o que disse foi: “Irmã, vou para casa estar com Deus”, e morreu. Foi maravilhoso ver a grandeza daquele homem que podia falar daquela maneira sem culpar ninguém, sem fazer comparações. Como um anjo – essa é a grandeza das pessoas espiritualmente ricas embora materialmente pobres. Não somos assistentes sociais. Podemos estar fazendo um trabalho social aos olhos de alguns, mas devemos ser contemplativos diante do coração do mundo. Temos que trazer a presença de Deus para a família, pois a família que ora unida permanece unida. Há muito ódio e miséria pelo mundo, e nós, com nossa prece e sacrifício, começamos o ensinamento do amor em casa, e não importa o quanto fazemos, mas, quanto amor colocamos naquilo que fazemos. Madre Teresa de Calcutá
 
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