quinta-feira, 26 de maio de 2011

A marca do discípulo

Acabei de chegar do projeto, com os moradores de rua, onde aprendo sobre a vida todas as segundas, e li uma matéria que me deixou bem comovido. Em Belo Horizonte alguém tentou matar pessoas em situação de rua deixando uma garrafa de cachaça misturada com veneno de rato, oito moradores de rua ficaram seriamente intoxicados.
Há alguns dias, li uma matéria antiga que contava a história de um Jovem chamado João Batista de 23 anos, desempregado e tão angustiado com a vida que subiu numa torre de TV em Fortaleza às 2h30 ameaçando se jogar. O que ele queria mesmo era chamar a atenção de uma sociedade tão indiferente a pessoas como ele. Tudo que ele conseguiu foi unir um coro de 2000 vozes inafetivas que gritavam “Pula! Pula! Pula covarde!”. Uma multidão ávida por sangue e que não queria perder o espetáculo de sua morte. Ás 8h30 João se rendeu ao convite da multidão e se matou.
Fiquei pensando, se o refrão pronunciado pela multidão fosse “Não pule, vamos te ajudar, a vida vale à pena”. Acho que o fim desse jovem seria outro. Concordo com Cecília Meireles quando ela diz “Já não se morre de velhice, nem de acidente, nem de doença, mas, Senhor, só de indiferença.” Que conste na certidão de óbito de João Batista a indiferença como causa de sua morte.
Muitos pensam que a antítese do amor é o ódio, mas eu tenho a forte impressão que é a indiferença. Isso porque o ódio é carregado de energia e atenção. Quem odeia precisa se dedicar ao outro em seu ódio, mas a indiferença é carregada de desprezo e desprovida de toda energia. Quem pode conviver com a indiferença?
O Brasil é um dos países com mais cristãos no mundo. Uma pesquisa feita por um instituto alemão e divulgada na Revista época: Deus é pop 12/06/2009 mostra que 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos. A população católica vive dias de renovação com novos movimentos que rompem com a formalidade da igreja romana. No meio evangélico são milhares de denominações diferentes com credos e nomes cada vez mais criativos. Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.
Mas, diante de todas essas opções religiosas, com tanta gente falando em Deus nos rádios e TV’s, com uma igreja em cada esquina, com tanta gente produzindo a chamada música gospel, com a tal marcha pra Gezuis e os famosos Pastores/gestores empresariais, Bispos, Apostolos, Paipostolos, Anjos. São tantos, com diversas teologias, liturgias, nomes, e embora tantos fazemos tão pouco.
Faço apenas uma pergunta.
Qual é a essência dos discípulos de Jesus? Qual o indicio do verdadeiro seguidor de Cristo? Como identificá-lo? Que marca tem as pessoas que de fato se encontraram com o evangelho e fizeram dele seu projeto de vida? Como separar os devotos religiosos dos seguidores reconciliados com Deus?
Jesus já respondeu essa pergunta há mais de dois mil anos...
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” João 13:35.
Certa vez Fiedrich Nietzche disse: “eu creria na sua salvação se eles [os cristãos] se parecessem um pouco mais com pessoas que foram salvas”.
Ser discípulo não é ser modelado dentro do apertado terreno dos condicionamentos psicológicos, culturais e religiosos dos nossos guetos evangélicos, não é uma mudança de indumentária, não é apenas vida moral e social ajustada... O crachá do discípulo de Jesus é o amor. Amar é sua marca indispensável!
O que sei sobre o amor? Bem pouco, quase nada. Mas sei que essa dureza de coração dos dias de hoje nos foi advertida pelas escrituras “Nos últimos dias por aumentar a iniqüidade o amor de muitos esfriará.”
O que me resta dizer sobre o amor depois que Paulo escreveu 1Corítios 13?
Sem amor qualquer dom é inútil e o mais belo discurso não passará de um barulho ensurdecedor para Deus. (1Co13:1) O “muito saber sem amor é estar possuído por demônios" Rubem Ales. (1Co13:2) Todo conhecimento sem amor é vazio. Toda fé, ainda que transporte montanhas, sem amor é barganha, é misticismo, é inútil. (1Co13:3) Toda caridade, ainda que seja a mais dedicada como a de Madre Tereza, sem amor é desencargo de consciência e cheia de interesses, é um recurso narcisista para a autopromoção, puro egoísmo. Toda fidelidade, ainda que seja ortodoxa e possua a coragem de Sadraque, Mesaque e Abdnego, sem amor, é vazia, sem sentido, mero radicalismo. Sem amor TUDO é vão!
“Queres trabalhar na missão sagrada de amorizar o mundo? Sai de ti mesmo ao encontro dos irmãos sem excluir ninguém. Não guardes em teu coração nem sobra de travo. Convence-te para sempre, de que, neste mundo, há muito mais fraqueza do que maldade! Convence-te de que, se é verdade que bondade não resolve tudo, não é a violência que vai resolver. Convence-te de que o egoísmo torna impossível a felicidade. Queres ser feliz e semear felicidade? AMORIZA-TE!” Dom Helder Câmara
Esse texto de Dom Helder sempre me deixa pensativo. Creio que amar é nossa missão. Esse é o indício dos verdadeiros discípulos de Jesus; fazem do amor um estilo de vida. Pense nisso!

Paz na alma
Tomas...

1 [DEIXE AQUI SEU COMENTÁRIO]:

Minha Doce Manuela disse...

Eu leio as tuas palavras desde o finado fotolog e, desde tanto, elas cabem no meu coração como se tivessem sido escritas por mim ou por alguém de muito perto!
Alguns cristãos me dão medo e me fazem compreender o porquê de que tantos duvidam...
O amor pode mudar o mundo, mas ao invés disso, estamos deixando que o mundo mude a concepção do que é o amor, lastimável!
Feliz por este cantinho e por este movimento...
:*

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